segunda-feira, 29 de junho de 2009

CARIBÉ - PAINÉIS EM MIAMI









PAINÉIS DO MESTRE CARIBÉ ENFEITAM AEROPORTO DE MIAMI

Mary Weinstein | A TARDE

Deslizar o olhar sobre paredes enquanto se sobe ou desce a escada rolante do Aeroporto de Miami (EUA) passou a ser uma ação que viajante nenhum, dos cerca de 8 milhões que passam pelo local por ano, deverá deixar de fazer. É que dois murais – de 15,5 x 5,5 metros –, pintados por Hector Paride Bernabó, Carybé (1911-1997), em 1960, foram dispostos ali, um de cada lado.

O movimento uniforme e intermitente das escadas permite um efeito como se fosse um “travelling”, e facilita a fruição porque aproxima o observador. Ele
poderá ver com detalhes as figuras que povoam o universo do artista. As obras foram instaladas no Aeroporto de Miami porque, há dois anos, a Odebrecht soube,
por meio de uma baiana, que as pinturas poderiam ser demolidas junto com a ala em que estavam fixadas no Aeroporto John Kennedy, em Nova York.

A empresa tratou de promover a retirada, a restauração e transferência dos painéis. Na última quinta-feira, as peças, que simbolizam a história e a cultura dos Estados Unidos, foram redescobertas numa recepção repleta de autoridades, executivos da empresa responsável pelos trabalhos e familiares do artista.

“O que faz o encanto dessa obra é a diversidade que ela mostra”, discursou o prefeito do condado de Miami Dade, Carlos Alvarez.

Os murais Alegria e festa das américas e A descoberta do Oeste foram pintados e instalados por Carybé há 50 anos, depois de ganharem o primeiro e o segundo
lugar em um concurso promovido pela American Airlines para escolha de trabalhos que iriam decorar o setor que a companhia ocupava no Aeroporto de Nova York. Em 2007, pouco antes de uma reforma começar a ser feita, a baiana radicada em São Paulo Beatrice Esteve, de 66 anos, voltava para o Brasil. O carregador de malas Darren Hoggard comentou que aquelas obras de artista seriam destruídas por causa da reforma. Darren arriou as malas de Beatrice no chão e os dois selaram o compromisso de encontrar um jeito de preservar as obras. E seguiram para os balcões da American Airlines, mas logo viram que nada seria encaminhado
por ali.

Ao chegar a São Paulo, Beatrice contatou Gilberto Sá. Ele, como membro do Conselho de Administração da Odebrecht, desencadeou uma operação emergencial. Isto porque as telas tinham sido pintadas diretamente na parede e esse aspecto significava que dificilmente poderiam ser apartadas. Ninguém sabia como se poderia retirar as pinturas sem danificá-las, tampouco onde recolocá-las.

BAHIA – Pensou-se até em mandar as peças para a Bahia, mas o mais sensato foi depositá-las em galpões no Bronx, para restauração. Todo cuidado era pouco para evitar que se quebrassem. Em dezembro, sob inverno rigoroso, em um inóspito aeroporto já em processo de demolição e, por isso, sem energia para iluminação
ou calefação, os restauradores tiveram que trabalhar em ritmo acelerado. Eles retirarama parede dividindo cada obra em seis pedaços de 1 tonelada cada, que
foram acomodados em berços separados construídos especialmente para eles.

Qualquer erro poderia significar uma destruição irreparável. Steven Tatti, descendente de mestre italiano, que estudou restauração em Florença, na Itália,
contou que pôde constatar que Carybé construiu e instalou os imensos painéis sozinho e de forma a permitir a remoção. Ele construiu uma parede de quatro
centímentros de espessura com dois centímetros de espaço vazio atrás, e assim criou possibilidades para que os painéis fossem retirados. Timothy Burico confessou que ficou maravilhado ao ver o trabalho perfeito e semelhante ao dos demaismuralistas da época.

"Tivemos que decidir onde cortar, para depois emendar, e como manter a integridade das obras", declarou o estadounidense Burico. Ambos contaram os detalhes das quatro fases do trabalho, desde a retirada da parede, passando pela restauração, o momento da viagem de caminhão de Nova York a Miami, até chegar a colocação dos painéis de novo, desta vez na parede do aeroporto de Miami.


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terça-feira, 12 de maio de 2009

URBANIZAÇÃO: PRAÇA DO CAMPO GRANDE, 1890 - SALVADOR - BAHIA

Fico impressionada com as construções da cidade.
É de fazer o coração pular!



Praça do Campo Grande - 1890 (será que já era praça?)



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sábado, 21 de março de 2009

CONSUMO - MULTIVÍDUOS - MASSIMO CANEVACCI



"O plural de eu, não é mais nós, como no

passado. O plural de eu, deve ser eus."




Uma frase do texto de Massimo Canevacci, no artigo A comunicação entre corpos e metrópolis, na revista SIGNOS DO CONSUMO:

http://www.usp.br/signosdoconsumo/artigos/artigo01_comunicacao_entre_corpos_metropoles.pdf





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quarta-feira, 18 de março de 2009

OU ISTO OU AQUILO - CECÍLIA MEIRELES

Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!


Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!


Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.


É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!


Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.


Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!


Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.


Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meirele




pensando em questões contenporâneas e da modernidade






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quinta-feira, 5 de março de 2009

ECONOMIA SOLIDÁRIA - UM RELATO

A experiência do Banco Palmas ampliou-se para o que se chama de Economia Solidária, ou ECOSOL.


Conheço pouco sobre o assunto, mas ao final de 2003 e todo o ano de 2004 trabalhei com jovens do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia para que eles construíssem um projeto e estimulassem outros jovens do
seus bairros a constituírem uma espécie de cooperativa fundada na Economia Solidária.


A idéia é realmente maravilhosa e encantadora e pode funcionar sim. Os jovens se empenharam bastante. O que pode emperrar é que não temos a cultura de cooperativa. As relações que carregamos no nosso cotidiano de trabalho e mais valia atrapalham os relacionamentos e impactam nas tarefas a serem realizadas. Certamente há lugares que conseguiram ter êxito!


No entento, lá para 2004, uma mulher, ativista que não lembro o nome, conseguiu a duras penas e a longos anos de militarismo fazer o governo federal reconhecer a Economia Solidária como alternativa de geração de renda para localidades com baixo poder aquisitivo.


Não sei exatamente como isso está regulamentado, mas em desde a época que trabalhei com o s jovens, existiu um incentivo federal a várias instituições do terceiro setor e a sociedade civil organizada para projetos e cooperativas nesta linha. O fato é que o governo disponibilizou recursos e incentivos para formação de pessoas e cooperativas em ECOSOL. Antes, os incentivos eram voltados somente para cursos e atividades técnico-profissionalizante (os traicionais cursos de carpinteiros, manicure, informática, etc), o que não garante renda ou inserção no mercado de trabalho e ainda são qualificações profissionais que ocupam cargos com salários baixos.
Ou seja, uma luta de anos que foi legitimada pelo país.


Uma cooperativa, se bem estruturada, atende bem a pessoas que não têm (ou têm pouca) perspectiva de melhoria de vida.



Outro indicador do crescimento e legitimação do Banco Palmas e da Economia Solidária é que tem mestrado nana área na escola de ADM da UFBA.


Em dezembro houve um encotro regional ali na orla, onde tem a feirinha do Mauá (esqueci o nome do lugar). Me surpreendi também com uma comunidade da zona rural de Simões Filho, chamada de Santa Luzia, onde também fora criado o Banco. Lá, segundo Rita, uma representante comunitária, o banco ajuda muito as pessoas, mas o projeto ainda "está devagar".


Eu sinceramente considero um ganho mesmo estas iniciativas, ações e incentivos, sejam do governo ou de organizações civis. E reconheço que dá um trabalhão se consolidar enquanto coletivo nesta vida tão individual.




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ECONOMIA SOLIDÁRIA - BANCO PALMAS E A CRISE



Ricardo Young Afinal, o que é sustentabilidade na base da pirâmide? É apoiar a localidade com atividades que possam gerar renda a partir dos recursos lá existentes e aperfeiçoar a competência para que o capital, mesmo mínimo, possa se reproduzir e ser reaplicado, fazendo a roda girar.


Portanto, ao global precisamos agregar o local. Um iPhone não pode ser produzido localmente, mas boa parte dos serviços de um bairro, sim. Um pedreiro precisa atravessar a cidade para conseguir trabalho, se há tantas obras na rua onde mora? Não. Mas o que falta para ele operar localmente? Crédito. Se os grandes bancos não se interessam por empréstimos de pequenas quantias – as despesas administrativas “comeriam” boa parte do lucro embutido nos juros – o que resta ao microempresário: os governos? Não. A ação da comunidade pode resolver alguns impasses. E o Brasil tem um belo exemplo: o Banco de Palmas, fundado em 1998 no Conjunto Palmeiras, bairro popular a 20 km de Fortaleza.


A idéia de criar um banco comunitário surgiu quando um grupo de moradores do bairro “descobriu” que a comunidade consumia perto de 2 milhões de reais por mês. Mas o dinheiro não movimentava a economia local, pois era gasto em outros bairros. Assim, mobilizando todos os moradores, reunindo-os em concorridas assembléias, este grupo conseguiu criar um banco comunitário para fazer circular a riqueza dentro do Conjunto Palmeiras. Para tanto, foi instituído o palma, dinheiro alternativo e de uso exclusivo no bairro. As pessoas adquirem esta moeda trabalhando, executando algum serviço para a comunidade. O pagamento é feito nesta moeda e, com ela, é possível comprar qualquer coisa ou solicitar qualquer serviço no bairro. As vendas feitas para fora são negociadas em reais que, quando recebidos, são logo trocados por palmas no Banco.


Como este dinheiro só circula no bairro, o Banco não tem problema de liquidez. Ele é emitido pelo próprio Banco e tem paridade com o real. Há vinte e cinco mil palmas em circulação. Este dinheiro já ajudou muitos moradores a progredirem com seus negócios. Cabeleireiro, sapateiro, artesã, vendedora de roupas, dono de frigorífico, enfim, quase todos as empresas (micro) do local não existiriam e não prosperariam se não fosse o Banco Palmas.


Na hora de pedir um empréstimo, a análise de crédito é feita entre os vizinhos do requerente. Nada de SPC ou Serasa. Os juros também são mais baixos e há um cartão de crédito para os bons pagadores. As decisões são tomadas por um colegiado formado pelos próprios tomadores do dinheiro do banco: artesãos, costureiras e comerciantes do Conjunto Palmeiras.


O Banco também busca novos negócios e inovação. Por isso, apoiou um grupo de mulheres que comprou máquinas de costura e, com a consultoria do Sebrae, criou a grife Palma Fashion, comercializada na comunidade e também “exportada” para lojas de outros bairros.


O Banco Palmas permitiu a criação de 1200 empregos locais; também melhorou a renda dos microempresários, fez a população criar raízes no lugar e desenvolveu uma cultura de solidariedade, bem como uma economia de compartilhamento.


O exemplo já foi copiado por outras comunidades. Desde 2005, 38 bancos inspirados no Palmas foram criados no Brasil, inclusive na região quilombola do Maranhão.


O Banco de Palmas será reconhecido, mais cedo ou mais tarde, como uma das mais originais contribuições brasileiras para o desenvolvimento sustentável na vertente da inclusão social com preservação ambiental. Um dos melhores exemplos de que se tem notícia para ilustrar a máxima gandhiana de “fazer mais com menos para mais”, em si uma definição da sustentabilidade.


Num momento em que os gigantes financeiros internacionais estão pedindo ajuda aos Estados, vale a pena conferir a experiência do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza.

Visite o sítio www.bancopalmas.org

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CONSUMO DE IMAGENS, CONSUMO CAPITAL

Essa transformação de imagens que poderia ser apenas uma piadinha, parece remeter ao estilo de vida que temos: um ideal de vida, de corpo e beleza distante tanto do cotidiano quanto da possibilidade de tê-lo; um ideal de corpo e beleza que esconde um outro estilo de vida, com possibilidades outras...

E nesse lugar escondido cabem todo o consumo da indústria da beleza, estética e da "saúde". Sempre em busca do ideal. Mas, para quê?



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domingo, 8 de fevereiro de 2009

sábado, 7 de fevereiro de 2009

CONSUMO - CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO

Para mães, pais, tios, tias, madrinhas e todas as pessoas que convivem com crianças ou apenas vão nos seus aniversários...

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Parte 1



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Parte 2



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Parte 3



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Parte 4



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Parte 5



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Créditos



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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PICASSO NA CAIXINHA DE FÓSFOROS - CONSUMO DE PAPEL



Pintura e foto: som do roque - somdoroque.blogspot.com


O consumo de papel no mundo aumentou 5 vezes entre 1961 e 2005. São produzidas mais de 1 milhão de toneladas ao dia. Poderíamos pensar que o uso da tecnologia digital reduziu um pouco a quantidade de produção e consumos de papel, mas não o suficiente para uma vida sem prejuízos.

O papel tem função importante na qualidade de vida, mas é ainda um artigo de luxo.



CONSUMO MÉDIO DE PAPEL MUNDIAL: 54 KG/ANO

O consumo de papel não está relacionado com a taxa de alfabetização do país.


PAÍS ---------- CONSUMO MÉDIO ANUAL ---------- TAXA DE ALFABETIZAÇÃO

FINLÂNDIA ---------- 324
---------- 99%
EUA ---------- 297
FRANÇA
---------- 178
ÁFRICA DO SUL
---------- 69
CHILE ---------- 64
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TAILÂNDIA ---------- 50
BRASIL ---------- 39
URUGUAI
---------- 36
EQUADOR ---------- 23
INDONÉSIA
---------- 20
VIETNAM
---------- 15 ---------- 93%
CAMAOES
---------- 03


O consumo de papel está relacionado com a prática exagerada de consumo do estilo de vida moderno. Veja por que:

- A maioria do papel produzido é destinado à publicidade.
- Apenas 1/3 da produção de papel é usasda para imprimir.
- Metade do papel produzido é usado em embalagens.
- A maior parte dos materiais utilizados para produzir embalagens é feito com papel.

A indústrial de celulose e papel:
- A indústria global de embalagens lança mão de mais de 400 milhões de dólares/ano.
- Tem uma taxa de crescimento anual de 13,5%.
- É uma das indústrias mais poluentes da água e do ar.
- É a 3a emissora de gases do efeito estufa, contribuindo significativamente para mudanças climáticas.
- A 1a em consumo de água doce do planeta.
- A 5a em consumo de energia do planeta.
- expõe seus trabalhadores e populações locais ao alto risco de doenças (câncer, problemas de reprodução e hormonal, problemas respiratórios e de pele).

Essas indústrias deslocam suas produções para o sul do planeta desde a década de 60 por causa das concições favoráveis ao lucro:
- Árvores de monoculturas crescem mais.
- As terras são mais baratas.
- Tem generosos apoios e incentivos dos governos locais.
- Custos de mão-de-obra são mais baixos.

Os lucros resultantes para as multinacionais

são a custo das pessoas e dos ecossistemas.


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MOVIMENTO MUNDIAL PELAS FLORESTAS TROPICAIS (WRM)

Assista: MONTANHAS DE PAPEL- CRESCENTE INJUSTIÇA (português, espanhol e inglês):

Parte 1
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Parte 2


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http://www.wrm.org.uy/Videos_Esp/Montanhas.html






MILTON SANTOS e FRANCISCO RUDIGER

Trecho de entrevista com Milton Santos
Doutor Honoris Causa em 14 universidades do Brasil e do mundo, ganhador do Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, tido como o Nobel da área, o geógrafo Milton de Almeida Santos (1926-2001) não se conformava com a supervalorização que a humanidade dá à tecnologia.

Fonte: Visão Geográfica / Boletim (s/d)


BOLETIM - Como viver no mundo da pressa e criticá-lo ao mesmo tempo?

MILTON SANTOS - O que se pode fazer é viver apresado, para garantir a subsistência, mas sem perder de vista a construção de um sonho. É o sonho que obriga o homem a pensar.


BOLETIM - O homem de hoje é um ser ético?


MILTON SANTOS - O ser humano agora é convocado a não ser ético. E às vezes as pessoas seguem essa tendência porque precisam sobreviver, criar os filhos, sustentar a família. Mas, no fundo, todos guardam a consciência do que é bom, com a esperança de utilizá-la um dia.


E como é o desenvolvimento tecnológico da modernidade que nos impele à aceleração e à tentação da falta de ética e de valores tradicionais, lembrei de um trecho que li ontem:


[Andrew Feenberg] "Ex-aluno de Marcuse, para ele e outros (David Noble, Langdon Winner), a tecnologia depende de fins outros que não os tecnológicos. Somos prisioneiros de um fetichismo tecnológico, que só pode ser superado via reflexão filosófica e ação política. A humanidade não tem por que se voltar contra a tecnologia, mas sim alterar a direção em que ela se desenvolve. O objetivo seria apontar para uma nova, 'pois a tecnologia estabelecida se tornou um instrumento de política destrutiva' (Marcuse, [1964] 1979,p.211)'.


(...)


As transformações realmente significativas para os seres humanos virão quando eles começarem a intervir conscientemente no desenho e no uso da tecnologia. A cultura não se opõe à tecnologia. O desenvolvimento da técnica deve ser posto a serviço das finalidades criadas conscientemen no âmbito da vida cotidiana: desde já, esse é o nosso principal desafio político como seres humanos.


(...)


O capitalismo moderno tornou a tecnologia um princípio de dominação política, confirmando sua falta de neutralidade, mas isso não fecha totalmente as possibilidades de uma transformação e, portanto, nos impede de sermos fatalistas, como os pensadores fáusticos.


(...)


As cidades podem ser construídas e organizadas em função do carro particular ou do transporte público; o atendimento hospitalar pode ser montado tendo em vista as doenças epidêmicas ou cirurgias plásticas; a televisão pode funcionar a serviço do mercado ou da educação. As alternativas não são fantasias utópicas, mas possibilidades reais contidas em nossa sociedade, ainda que de maneira latante, devido ao predomínio das relações sociais criadas, mantidas e reproduzidas pelo sistema dominante: o capitalismo."


RUDIGER, Francisco. Pistas para a crrítica do pensamento tecnológico. O legado da escola de Frankfurt. In: Introdução às teorias da cibercultura. Porte Alegre: Sulina,2a ed. 2007.


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