sábado, 21 de março de 2009

CONSUMO - MULTIVÍDUOS - MASSIMO CANEVACCI



"O plural de eu, não é mais nós, como no

passado. O plural de eu, deve ser eus."




Uma frase do texto de Massimo Canevacci, no artigo A comunicação entre corpos e metrópolis, na revista SIGNOS DO CONSUMO:

http://www.usp.br/signosdoconsumo/artigos/artigo01_comunicacao_entre_corpos_metropoles.pdf





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quarta-feira, 18 de março de 2009

OU ISTO OU AQUILO - CECÍLIA MEIRELES

Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!


Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!


Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.


É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!


Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.


Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!


Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.


Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Cecília Meirele




pensando em questões contenporâneas e da modernidade






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quinta-feira, 5 de março de 2009

ECONOMIA SOLIDÁRIA - UM RELATO

A experiência do Banco Palmas ampliou-se para o que se chama de Economia Solidária, ou ECOSOL.


Conheço pouco sobre o assunto, mas ao final de 2003 e todo o ano de 2004 trabalhei com jovens do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia para que eles construíssem um projeto e estimulassem outros jovens do
seus bairros a constituírem uma espécie de cooperativa fundada na Economia Solidária.


A idéia é realmente maravilhosa e encantadora e pode funcionar sim. Os jovens se empenharam bastante. O que pode emperrar é que não temos a cultura de cooperativa. As relações que carregamos no nosso cotidiano de trabalho e mais valia atrapalham os relacionamentos e impactam nas tarefas a serem realizadas. Certamente há lugares que conseguiram ter êxito!


No entento, lá para 2004, uma mulher, ativista que não lembro o nome, conseguiu a duras penas e a longos anos de militarismo fazer o governo federal reconhecer a Economia Solidária como alternativa de geração de renda para localidades com baixo poder aquisitivo.


Não sei exatamente como isso está regulamentado, mas em desde a época que trabalhei com o s jovens, existiu um incentivo federal a várias instituições do terceiro setor e a sociedade civil organizada para projetos e cooperativas nesta linha. O fato é que o governo disponibilizou recursos e incentivos para formação de pessoas e cooperativas em ECOSOL. Antes, os incentivos eram voltados somente para cursos e atividades técnico-profissionalizante (os traicionais cursos de carpinteiros, manicure, informática, etc), o que não garante renda ou inserção no mercado de trabalho e ainda são qualificações profissionais que ocupam cargos com salários baixos.
Ou seja, uma luta de anos que foi legitimada pelo país.


Uma cooperativa, se bem estruturada, atende bem a pessoas que não têm (ou têm pouca) perspectiva de melhoria de vida.



Outro indicador do crescimento e legitimação do Banco Palmas e da Economia Solidária é que tem mestrado nana área na escola de ADM da UFBA.


Em dezembro houve um encotro regional ali na orla, onde tem a feirinha do Mauá (esqueci o nome do lugar). Me surpreendi também com uma comunidade da zona rural de Simões Filho, chamada de Santa Luzia, onde também fora criado o Banco. Lá, segundo Rita, uma representante comunitária, o banco ajuda muito as pessoas, mas o projeto ainda "está devagar".


Eu sinceramente considero um ganho mesmo estas iniciativas, ações e incentivos, sejam do governo ou de organizações civis. E reconheço que dá um trabalhão se consolidar enquanto coletivo nesta vida tão individual.




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ECONOMIA SOLIDÁRIA - BANCO PALMAS E A CRISE



Ricardo Young Afinal, o que é sustentabilidade na base da pirâmide? É apoiar a localidade com atividades que possam gerar renda a partir dos recursos lá existentes e aperfeiçoar a competência para que o capital, mesmo mínimo, possa se reproduzir e ser reaplicado, fazendo a roda girar.


Portanto, ao global precisamos agregar o local. Um iPhone não pode ser produzido localmente, mas boa parte dos serviços de um bairro, sim. Um pedreiro precisa atravessar a cidade para conseguir trabalho, se há tantas obras na rua onde mora? Não. Mas o que falta para ele operar localmente? Crédito. Se os grandes bancos não se interessam por empréstimos de pequenas quantias – as despesas administrativas “comeriam” boa parte do lucro embutido nos juros – o que resta ao microempresário: os governos? Não. A ação da comunidade pode resolver alguns impasses. E o Brasil tem um belo exemplo: o Banco de Palmas, fundado em 1998 no Conjunto Palmeiras, bairro popular a 20 km de Fortaleza.


A idéia de criar um banco comunitário surgiu quando um grupo de moradores do bairro “descobriu” que a comunidade consumia perto de 2 milhões de reais por mês. Mas o dinheiro não movimentava a economia local, pois era gasto em outros bairros. Assim, mobilizando todos os moradores, reunindo-os em concorridas assembléias, este grupo conseguiu criar um banco comunitário para fazer circular a riqueza dentro do Conjunto Palmeiras. Para tanto, foi instituído o palma, dinheiro alternativo e de uso exclusivo no bairro. As pessoas adquirem esta moeda trabalhando, executando algum serviço para a comunidade. O pagamento é feito nesta moeda e, com ela, é possível comprar qualquer coisa ou solicitar qualquer serviço no bairro. As vendas feitas para fora são negociadas em reais que, quando recebidos, são logo trocados por palmas no Banco.


Como este dinheiro só circula no bairro, o Banco não tem problema de liquidez. Ele é emitido pelo próprio Banco e tem paridade com o real. Há vinte e cinco mil palmas em circulação. Este dinheiro já ajudou muitos moradores a progredirem com seus negócios. Cabeleireiro, sapateiro, artesã, vendedora de roupas, dono de frigorífico, enfim, quase todos as empresas (micro) do local não existiriam e não prosperariam se não fosse o Banco Palmas.


Na hora de pedir um empréstimo, a análise de crédito é feita entre os vizinhos do requerente. Nada de SPC ou Serasa. Os juros também são mais baixos e há um cartão de crédito para os bons pagadores. As decisões são tomadas por um colegiado formado pelos próprios tomadores do dinheiro do banco: artesãos, costureiras e comerciantes do Conjunto Palmeiras.


O Banco também busca novos negócios e inovação. Por isso, apoiou um grupo de mulheres que comprou máquinas de costura e, com a consultoria do Sebrae, criou a grife Palma Fashion, comercializada na comunidade e também “exportada” para lojas de outros bairros.


O Banco Palmas permitiu a criação de 1200 empregos locais; também melhorou a renda dos microempresários, fez a população criar raízes no lugar e desenvolveu uma cultura de solidariedade, bem como uma economia de compartilhamento.


O exemplo já foi copiado por outras comunidades. Desde 2005, 38 bancos inspirados no Palmas foram criados no Brasil, inclusive na região quilombola do Maranhão.


O Banco de Palmas será reconhecido, mais cedo ou mais tarde, como uma das mais originais contribuições brasileiras para o desenvolvimento sustentável na vertente da inclusão social com preservação ambiental. Um dos melhores exemplos de que se tem notícia para ilustrar a máxima gandhiana de “fazer mais com menos para mais”, em si uma definição da sustentabilidade.


Num momento em que os gigantes financeiros internacionais estão pedindo ajuda aos Estados, vale a pena conferir a experiência do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza.

Visite o sítio www.bancopalmas.org

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